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Capítulo 1.3 - O Impacto da Inteligência Artificial no Desenvolvimento de Software

O Impacto da Inteligência Artificial no Desenvolvimento de Software

No mundo dinâmico do desenvolvimento de software, a Inteligência Artificial (IA) tem desempenhado um papel cada vez mais importante. Com capacidades crescentes, ela pode gerar códigos, otimizar processos e sugerir soluções. Mas é essencial refletirmos sobre seus limites e como os programadores podem aproveitar ao máximo essa tecnologia.

Embora a IA seja poderosa, o verdadeiro diferencial está no programador que entende o contexto.

De um Foco no 'COMO' para um Foco no 'O QUE' e no 'POR QUÊ'

O Cenário do Passado: Grandes Volumes, Pequena Diversidade

Antigamente, o desenvolvimento de software era voltado para resolver problemas técnicos com grandes volumes de processamento. O desafio era descobrir como fazer, pois não havia internet acessível ou vastos recursos educacionais. Cada programa era criado do zero, e os programadores eram pioneiros em suas soluções.

Exemplos reais do cenário antigo:

  1. Construção de DREs para empresas:
    • Empresas precisavam consolidar enormes volumes de vendas e custos em sistemas locais para criar Demonstrações de Resultados do Exercício (DRE). Isso incluía importar dados de múltiplos sistemas, processá-los em lotes e garantir que as informações financeiras estivessem precisas para tomada de decisões estratégicas.
    • Processos demoravam horas ou até dias, exigindo extrema atenção à eficiência dos algoritmos e ao uso da memória.
  2. Dashboards de vendas:
    • Os dashboards de vendas eram construídos a partir de dados brutos coletados de diferentes regiões e sistemas de PDV (Ponto de Venda). A integração era complexa e demorava, frequentemente necessitando processamento offline durante a noite.
    • Esses relatórios eram depois usados para prever estoques, planejar logística e definir estratégias de marketing.

Casos de uso comuns no passado:

  • Sistema de folha de pagamento: Empresas com milhares de funcionários precisavam calcular impostos, benefícios e salários. Os sistemas de folha de pagamento lidavam com regras tributárias complexas e grandes volumes de dados, tudo com capacidade limitada de processamento. Qualquer erro poderia causar atrasos significativos.
  • Controle de inventário em grandes armazéns: Para gerenciar estoques em cadeias de suprimentos, sistemas precisavam rastrear milhares de itens, calcular automaticamente reposições e prever demandas com base em históricos de vendas. Isso era feito em sistemas centralizados e exigia alto desempenho.

A evolução e permanência dessas necessidades

Embora essas necessidades ainda existam, a computação moderna tornou-as mais rápidas e acessíveis. Com o advento de servidores na nuvem e hardware mais barato, empresas conseguem processar grandes volumes de dados em frações do tempo necessário no passado. Além disso, o mercado se expandiu exponencialmente com a diversidade tecnológica, criando novas demandas. Aplicativos móveis, dispositivos IoT e plataformas digitais aumentaram a importância de o programador focar no O QUE e no POR QUÊ, devido ao dinamismo desses novos negócios.

Era como construir um carro sem uma oficina ou manuais; tudo era na tentativa e erro.

O Cenário Atual: Diversidade e Complexidade

Hoje, a realidade é diferente. A variedade de plataformas, dispositivos e interações é gigantesca. Aplicativos em smartphones, IoT, assistentes virtuais e muito mais exigem soluções que considerem não apenas aspectos técnicos, mas também os objetivos de negócio, a experiência do usuário e as dinâmicas do mercado.

Nesse contexto, a IA é extremamente eficaz no como fazer. Ela pode automatizar tarefas, corrigir códigos e sugerir melhorias. Contudo, ela tem limitações claras em entender o que fazer e por que fazer, especialmente porque cada empresa, negócio e mercado possuem características únicas.

A IA pode saber como construir o carro, mas só o programador sabe para onde dirigir.

Os Limites da IA: Contexto e Decisão Estratégica

A IA tem o potencial de tomar decisões estratégicas desde que tenha todo o contexto do negócio. Isso incluiria:

  • Cultura organizacional;
  • Particularidades do mercado;
  • Qualificação dos profissionais envolvidos;
  • Concorrência;
  • Restrições legais e éticas;
  • Preferências dos clientes e muito mais.

Porém, reunir e interpretar todas essas variáveis é um desafio monumental. O custo de construir uma IA com essa capacidade seria altíssimo e, atualmente, inviável. Em um futuro distante, podemos imaginar uma "IA estilo Matrix", capaz de integrar tudo isso de forma perfeita. Mas, por enquanto, isso é mais fantasia do que realidade.

A IA pode ser genial em execução, mas compreender a complexidade humana e de negócios ainda é algo que não faz parte do seu repertório.

O Papel do Programador na Era da IA

Por Que os Fundamentos São Essenciais?

Para guiar a IA, o programador precisa dominar os fundamentos. Isso inclui:

  • Gerenciamento de memória;
  • Estruturas de dados;
  • Arquitetura de sistemas;
  • Padrões de design;
  • Compreensão de threads e processos.

Com esses conhecimentos, o programador consegue dar à IA as direções certas, garantindo que as soluções atendam aos objetivos do negócio.

Dominar os fundamentos é como ser um maestro: a orquestra (IA) toca bem, mas precisa de uma liderança para não sair do tom.

Foco no Contexto: O Diferencial do Humano

O programador que entende o contexto do negócio é capaz de:

  1. Priorizar corretamente: Saber o que deve ser feito primeiro para gerar mais impacto.
  2. Definir os objetivos certos: Garantir que as soluções estejam alinhadas às metas empresariais.
  3. Ajustar as soluções: Identificar quando as respostas da IA precisam ser refinadas ou ajustadas.
O programador do futuro é aquele que usa a IA como ferramenta, mas nunca deixa de ser o estrategista.

Como Trabalhar com a IA de Forma Inteligente?

  1. Aproveite a Eficiência da IA: Use-a para automatizar tarefas repetitivas e economizar tempo.
  2. Valide as Decisões da IA: Sempre revise o que ela propõe, considerando o contexto maior.
  3. Foque no Que e no Porquê: Concentre-se em entender o problema antes de buscar soluções.
  4. Atualize Seus Fundamentos: O mercado muda, mas os fundamentos permanecem relevantes.
Trabalhar com a IA é como usar GPS: ele dá o caminho, mas você precisa saber para onde quer ir.

Conclusão: Um Futuro Colaborativo

A IA está aqui para ficar, mas o papel do programador é mais relevante do que nunca. Compreender o contexto, dominar os fundamentos e guiar a IA no como fazer são habilidades que farão toda a diferença no mercado de trabalho.

O futuro do desenvolvimento é colaborativo: humanos definem o que e o porquê; a IA executa o como.

Prepare-se para ser um programador do futuro, onde seu conhecimento e visão serão os grandes diferenciais. O momento de aprender e se adaptar é agora! 🚀

Marcelo Castelo

Engenheiro de Software Sênior em Soluções Escaláveis e Distribuídas

Com mais de 15 anos de experiência, sou especialista em arquiteturas como DDD, microsserviços e EDA, além de padrões como CQRS, CAP e hexagonal. Domino práticas de resiliência, otimização, benchmarking e automação (BDD, DevOps, SRE e observabilidade) para criar sistemas empresariais robustos e de alto desempenho, que impulsionam resultados financeiros e competitividade.

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